quarta-feira, 1 de novembro de 2017

Primeira pessoa do singular plural

Depois de um tempo você se torna obrigado a concordar com o Pequeno Príncipe ou com Dom Quixote: a doçura ou a demência é a mesma coisa vista por ângulos diferentes, existe amor nisso tudo, acredite.
A necessidade humana de ser atendido e principalmente percebido por seus pares vai ficando evidente a medida que o tempo torna todas as coisas perecíveis. Bem... O tempo não perdoa ninguém e está sempre dando suas voltas por aí. Neste meio tempo encontramos tempo para fazer as coisas que julgamos necessárias à sobrevivência, ao prazer e principalmente as efemeridades do ego sapiens.
Nem sempre se encontra tempo para Tolstói, mesmo vivendo uma guerra e paz todos os dias. A nossa pior feição sempre será a capacidade de procrastinar diante dos fatos trivialmente insanos da violência cotidiana que nos cerca. E nem sempre estamos dispostos a pagar o preço, a viver o acaso ou o risco de estar  errado diante dos fatos. Inundados pelo mar de certezas cartesianas esquecemos que o risco acompanha o medo e o grande mal não é arriscar e sim ficar aprisionado na ideia dominante do medo de ter medo. Para exemplificar tudo isso está aí nos catálogos a lista de doenças do século, todas elas causadas pela ideia que somos todos super homens ou mulheres maravilhas, e não somos.
A capacidade de manter a mente equilibrada diante dos acontecimentos triviais de nossas muitas vidas se torna difícil, uma vez que todos são tragados pela megalomania virtual que impõe a onipresença, onisciência e a onipotência, coisas passíveis somente a Deus.
Viver cada momento vai ficando pra depois, trocar o supérfluo pelo necessário é mais comum, deixar de viver a sua vida para fantasiar a de muitos é uma vedete.
Depois de tudo, perceber que o essencial é invisível aos olhos e que ver com o coração no fundo pode levar a uma demência ou a fantasia nos deixa mais calmos mesmo se os dragões forem moinhos de ventos.
Diego Caldas :)